Nesse post amigo leitor, vou me arriscar pra caramba! Mas como gosto de um pouco de atrevimento, vou falar de uma região vinícola da França.
Porque o atrevimento? Porque não gosto e não entendo de vinhos, muito menos os “Gran Crus de Beaujolais” mas, como sou muito curiosa, vi um documentário na TV sobre a região, achei linda e pensei: um dia vou conhecer. E fui!
Beaujolais (fala “bojolé) entrou no nosso roteiro, há muitos anos atrás, quando fomos conhecer Lyon, uma cidade grande no sul da França, perto dos alpes. Na verdade, estávamos a caminho de Lyon, e resolvemos sair da autoestrada pra conhecer Beaujolais que fica na área central da França, ao sul da Borgonha e ao norte de Lyon.
A atividade vinícola na região começou ainda com os romanos, que usavam como rota de comércio o rio Saôme que praticamente a atravessa. Mas o fato determinante para o desenvolvimento da região como produtora de vinhos foi quando o Duque Filipe II proibiu o cultivo da uva Gamay na região da Borgonha, porque ele “achava” que essa variedade não era capaz de produzir “vinhos elegantes” como a Pinot Noir. Filipe errou feio, porque a Gamay se adaptou super bem em Beaujolais e a região vinícola ficou famosa no mundo inteiro.
Não fique chateado se você nunca ouviu falar de Beaujolais e seus “Grand Crus”, eu também nunca havia ouvido falar deles até o bendito documentário, e ainda precisei pesquisar bastante na internet, mas quem entende de vinhos, com certeza já ouviu falar da região. E pra esses, aproveito pra pedir desculpas antecipadas pelas ocasionais “bobagens” que eu falar a respeito aqui, ok?
No sec. 19, com o desenvolvimento das ferrovias na França, os vinhos frutados de Beaujolais, começaram a ser muito procurados e desde 1936 o vinho de Beaujolais, tem certificado de procedência (AOC- Apelação de Origem Controlada), como na região de Champagne!
Como já mencionei acima, a uva mais usada na região é a Gamay que dá origem a vinhos leves, frutados, com muita acidez e pouco taninos, sendo o mais famoso, o Beaujolais Nouveau, mas existem variedades mais “encorpadas” de Beaujolais, como o Village e o Cru que nós tivemos o privilégio de harmonizar com um belíssimo beef bourguignon, numa cantina da região e foi inesquecível.
Mas voltando para o turismo na região, você precisa sair da autoestrada para percorrer as rotas do vinho de Beaujolais. Obviamente que o passeio precisa de carro, então se você estiver em Lyon ou Dijon, que são as cidades maiores por perto, vale à pena alugar um carro para um bate e volta na região.
A rota se estende por cerca de 140 km a partir de Lyon, e passa por várias vilas, cidadezinhas e vinícolas. Não tem muito segredo, é só pegar um mapa num info de Lyon, escolher as vilas e/ou produtores que quer conhecer (ou não) e sair passeando. A região é linda e as videiras se espalham por colinas e vales num perder de vista. Importantíssimo: GPS! Sem ele você pode ficar rodando o dia inteiro e não achar o caminho de volta.
Se você já visitou alguma região vinícola, sabe como elas se parecem! E não há muitos lugares marcantes pra você se guiar, é só videira pra todos os lados e fica até aborrecido depois de um tempo.
Nós visitamos a Vinícola Le Domaine de la Combe au Loup na cidadezinha de Chiroubles, uma vinícola familiar que tem (ou tinha) uma brasileira naturalizada entre os administradores, o que facilita muito se seu francês não existe, como o nosso! A vinícola produz quatro tipos de vinhos: Beaujolais-Village, Regnié, Chiroubles e Morgon e abre de segunda a sábado para visitação e degustação.
Atualmente, em Romanèch-Thorins, perto de Mâncon, existe um parque temático francês sobre vinhos. Obviamente que quando estivemos lá o parque ainda não existia, mas vi na TV que são perto de 2 mil m2 de muito entretenimento e diversão. É Beaujolais entrando no mundo do turismo.
A região é agrícola e não turística, apesar do turismo ter crescido muito hoje em dia, quando estive lá, tivemos muita dificuldade com o idioma. Fica muito difícil conseguir qualquer tipo de informação, então, procure todas as informações que puder no Info de Lyon, um carro com GPS e se jogue.
Beaujolais é linda, mesmo com toda a sua precariedade turística ou até, por causa dela, encanta e desperta os sentidos. Vale à pena, principalmente se você é amante e/ou conhecedor de vinhos, aí amigo leitor, você vai amar!
Bye!