Chegamos à Speyer ou Spira numa manha de muita chuva. Daquelas em que precisamos recorrer as nossas capas andinas, trazidas do Peru.
Mas, como aventureiros não desistem fácil, colocamos nossas capas e começamos a “bater pernas” na chuva.
Logo precisamos voltar para o carro, porque nos tornamos aventureiros com os pés encharcados. Confesso que a vontade de voltar “pra casa” e tomar um chocolate quente em frente a TV era grande, mas nossa intuição (e o info de Heidelberg) dizia que aquela era uma alemãzinha que valeria à pena e resolvemos tentar conhecer pelo menos de carro.
Chegamos à rua principal da cidade, a Maximiliansstrasse, uma larga alameda com uma maravilhosa igreja ao fundo e pronto, foi amor à primeira vista e resolvemos parar o carro e enfrentar a chuva.
E foi assim que misteriosamente a chuva deu uma trégua e nos permitiu conhecer uma das cidades mais encantadoras da Alemanha.
Speyer, fica no estado da Renânia-Palatinado, bem pertinho de Heidelberg, e é bem pequena, com pouco mais de 50 mil habitantes, mas tem muita história pra contar.
Fundada por romanos que a chamaram de Noviomagus, era pra eles, a cidade mais importante do alto Reno e é uma das cidades mais antigas da Alemanha.
Speyer tem muitas atrações turísticas mesmo sendo pequena, como lindos lagos, ciclovias impecáveis, um surpreendente museu tecnológico, centro histórico medieval super bem preservado, comércio forte, gastronomia inesquecível e a maior igreja romântica preservada do mundo!
A igreja é uma joia construída entre 1030 e 1124, e desde 1981, é Patrimônio Mundial da Unesco. Consegue imaginar o impacto disso, amigo leitor, numa cidadezinha de 50 mil hab? É incrível!
E a Catedral da Virgem Maria além de linda, por dentro e por fora, com muitos detalhes arquitetônicos e criptas, que foram destruídos e reconstruídos várias vezes, por causa das guerras, também é enorme e coroa a linda avenida Maximiliansstrasse que atravessa o centro histórico.
A Maximiliansstrasse que concentra um comércio delicioso, com muitas confeitarias, restaurantes, lojas de vestuário tem de um lado a igreja e na outra ponta o Altpörtel o portão da cidade medieval, um dos maiores da Alemanha com 55m de altura e é uma das 68 torres que originalmente cercavam a cidade.
Speyer tem um passado turbulento apesar da tranquilidade de suas ruas, pois foi sede de assembleias políticas do Sacro Império Romano-Germânico ( chamadas de dieta de Speyer), que em 1526 um grupo decretou a tolerância pelas doutrinas de Martinho Lutero.
Pouco tempo depois, frente a um decreto imperial que tornava Martinho Lutero e seus ensinamentos, como fora da lei, o grupo de Speyer protestou dando origem ao termo protestantes.
Além desse fato histórico, conta uma lenda, que Speyer é a “capital e criadora da rosquinha típica alemã: o Brezel!!!
Pra quem pensa que a iguaria, nasceu na Baviera, os moradores de Speyer, contestam dizendo que nasceu na cidade e que até no pórtico da catedral, um anjo segura nas suas mãos um brezel!
Verdade ou lenda, o brezel de Speyer é especial mesmo e onipresente nas mãos dos turistas que passeiam pela cidade ou sentam pra tomar uma gelada!
E por falar em comida, não poderia deixar de fazer uma “menção honrosa” à um restaurante da cidade: o Domhof. O restaurante, que também é hotel, fica bem ao lado da catedral e é fácil de achar. Se você ficar na porta da catedral, de costas pra ela e de frente à Maximiliansstrasse, é só olhar a sua direita, que você o encontrará.
O restaurante é centenário e serve a mais deliciosa culinária alemã que provamos nessa viagem. Desde as deliciosas Wursts ao inevitável ( pra mim) schnitzel, tudo é delicioso e barato!
Amamos Speyer! Tanto que minha dica se você for à região do Palatinado pra conhecer Heidelberg e não tiver muito tempo disponível, aborte todas as outras cidadezinhas e atrações e vá à Speyer. Tenho certeza que não vai se arrepender!
Bye!