Gente, sentei com a ideia de falar mal de Cochin e por consequência, da Índia, mas mudei de ideia! Hoje, na hora exata em que o navio tocou a música de partida e começou a se mover, no conforto da minha varanda, consigo ver a Índia como uma experiência bárbara!
Ontem, quando visitamos o centro velho da cidade, passando por ruas estreitas, lotadas de lixo, com carros, prédios, casas e até pessoas abandonadas, sofrendo num calor de mais de 40 graus, uma umidade que colava toda a roupa no corpo, não consegui achar que era uma experiência legal. Confesso!
Fiquei chocada com o nível de pobreza, em ver crianças raquíticas dormindo em cima de um pano, cobertas de moscas, cachorros magros, que a muito não comeram e pessoas vendendo tudo, fazendo qualquer negócio para ganhar algum dinheiro foi ruim. Jurei que não voltaria hoje, apesar do comércio deles ser um deslumbre para os olhos.
Então, comprei tudo que me encheu os olhos, as batas coloridas de algodão e seda, os elefantes bordados, a até canetinhas bordadas. Comprei às cegas e com pressa. Chateada com as “atrações” pobres e mal conservadas, heranças dos portugueses e holandeses que a muito não recebem cuidado. Não entrei no mercado de especiarias, por pura má vontade e nem na sinagoga, onde era necessário tirar os sapatos. Céus, quanta ironia! Imagine se no meio de tanta sujeira, os sapatos fariam diferença!
Enfim, voltei correndo pro ar condicionado e pra comida limpinha e segura! E realmente não saí mais do navio! Minha companheira de viagem, foi mais insistente, tomou um barco hoje para conhecer a parte “mais moderna da cidade” e gostou do que viu!Passei o dia hoje pensando sobre o que eu escreveria da Índia sem desmerecer a cultura do país, e na hora de ir embora, percebi que o que vi aqui, foi uma experiência incrível.
É muito louco você estar no outro lado do mundo, com quase 10 hrs de fuso horário e ter a oportunidade de ver culturas tão diferentes! Obviamente que para os meus valores, a cultura deles é muito atrasada, mas de alguma forma, eles vivem a vida deles, do melhor jeito que conseguem.
São muito pobres, é verdade, mas o problema maior ainda são as desigualdades! Uma parte da Índia está enriquecendo velozmente enquanto a outra continua na miséria sem chance de se beneficiar com o progresso. Na Índia estão os maiores calls center do mundo, no entanto a população não é beneficiada. É cultural e dificilmente vai mudar! O país é muito dividido em castas, e a ignorância e o preconceito ditam as regras. E inesperadamente eles tem muito orgulho das castas! Não percebem que estão afundados num mar de ignorância que não os deixa progredir. Infelizmente!
Mas de qualquer forma, foi um privilégio ver isso! Mesmo culturalmente tão diferente do resto do mundo, a Índia é muito interessante e uma possibilidade ímpar de ver como pessoas tão diferentes, podem no fundo ser gente como nós. Só que com menos oportunidades e mais conformadas.
Os indianos são afáveis no trato, e educados de uma maneira geral (menos no trânsito). Tem uma cor fosca, sem brilho na pele e sem brilho no sorriso também e costumam olhar com estranhamento, com um sorrisinho no canto da boca, como se achassem você muito esquisito. E devemos ser mesmo!
Mas fiquei feliz em poder conhecê-los. Hoje, no fresquinho, no limpinho e na segurança, consegui olhar a Índia com olhos mais generosos. Mas antes tarde que nunca, né? Se você vier pra “esses lados”, tente ser mais generosa que eu, e menos preconceituosa, talvez você tenha a oportunidade de conhecer uma Índia melhor que a “minha”!
Bye!