Parte II
Então, continuando a falar de atrações não tão famosas da cidade, hoje quero falar de uma igreja que encontrei por acaso, somente porque tinha lugar para estacionar o carro, e me emocionou muito.
Basílica de Santa Croce, é a casa eterna de muitos italianos famosos, e foi a primeira atração que visitei em Florença. Juro, que fiquei boquiaberta! Maridão até riu de mim! Mas realmente nunca tinha entrado em um monumento com tanto significado histórico.
A Sta Croce é lindíssima, e isso é a primeira coisa que salta aos olhos, mas vamos combinar que, igrejas lindas, tem muitas na Europa e em Florença mesmo, o Duomo é imbatível, mas quando você começa a observar com calma a Sta Croce, a história praticamente salta das paredes e bate na sua cara com uma força indescritível!
Impressiona a quantidade de tumbas tanto pelo chão quanto pelas paredes. São 276 tumbas e de personagens importantíssimos da história.
O primeiro deles, Michelangelo, já me baqueou. Sabe quando você está acostumado a ler sobre personagens históricos em livros e ver documentários, e fica assim uma imagem mitológica? Então, quando você vê a sua tumba, tem um choque de realidade, tipo”ele existiu mesmo e tá enterrado aqui” ! É incrível!
Michelangelo na verdade morreu em Roma mas foi levado à Florença às escondidas à pedido de Cozimo I dos Médici ( sempre eles).
Michelangelo morreu em 1564, mesmo ano em que nasceu outro gênio, Galileu Galilei. Que por ter defendido a teoria de que a terra gira em torno do sol, foi julgado, condenado e seu corpo foi abandonado fora da igreja. Até que o último Gran Duque Médici (olha eles de novo), resolveu dar um túmulo digno à Galileu em frente à Michelangelo.
Outros dois túmulos em destaque são os de Maquiavel, que escreveu a obra prima “O príncipe” e Dante Alighieri autor da “divina Comédia”. Mas o túmulo de Dante, na verdade está vazio, porque seus restos mortais estão em Ravena. Não diminui o impacto.
A Sta Croce se destaca pelas primeiras tumbas humanistas, que é o equivalente ao renascentismo onde o homem assume a consciência da sua própria existência como centro do universo e passa a ter direito à túmulos em paredes da igreja que antes era exclusivo de homens da igreja. Os primeiros exemplos são as tumbas de Leonardo Bruni e Carlo Marsupini, elas estão frente à frente nas naves laterais.
Não deixe de observar a obra Anunciação Cavalcanti, do primeiro escultor renascentista Donatello, feito em pedra branca com detalhes em ouro e o túmulo de Vitório Alfieri do escultor Antonio Canova.
Ah, tem também os Afrescos de Giotto, o mais importante artista de época medieval, e foi o primeiro a dar mais realismo à pintura. Giotto decorou duas capelas na Sta Croce, Capela Bardi com histórias de São Francisco e Capela Peruzzi com história de São João Batista e se encontram à direita do altar.
A sacristia tem uma grande mesa de madeira no centro, onde foi colocado o corpo de Michelandelo, quando trazido de Roma e dizem que permaneceu intacto por dias.
O clautro, construído por Filippo Brunelleschi, fica à parte da igreja e abriga a Capela Pazzi, em homenagem claro à rica família Pazzi.
Além disso, é possível conhecer ainda a Scuola del Cuoio, ou escola de couro, que surgiu após a II guerra, com o objetivo de acolher e dar um ofício aos órfãos da guerra. A entrada fica entre a Sacristia e a Capela Médici, mas ao redor da Sta Croce se encontram diversas lojas de couro, com lindos produtos típicos de Florença.
Então, eu tinha razão em me apaixonar pela Sta Croce, não é? Realmente é um deslumbre e meu coração alternou emoções entre deslumbramento, euforia, incredulidade e muita mas muita felicidade em poder estar vendo tudo aquilo.
Ainda temos mais pra falar sobre Florença!
Bye!