Geograficamente a patagônia argentina começa mesmo em San Carlos de Bariloche, a linda cidade muito conhecida dos brasileiros, mas é em El Calafate que fica bem mais ao sul e é lá que a gente se sente na patagônia.
El Calafate é uma cidade pequena, com cerca de 25 mil habitantes que fica perto da fronteira com o Chile, e recheada de atrações. Seu aeroporto moderno tem muitos voos, provenientes de diferentes lugares o que obviamente demonstra o crescente interesse por destinos de aventura.
A cidade é linda, e tem uma ótima infraestrutura turística. Nela, uma rua principal, chamada de Av. del Libertador San Martin, é o eixo principal onde se encontra de tudo : hotéis, restaurantes, bares, lojinhas, farmácias e supermercado.
Se você achar um hotel nessa avenida, com certeza ficará muito bem localizado, e existem vários deles, acessíveis à qualquer bolso. Eu fiquei no Mirador del Lago e era ótimo.
Também na av. Libertador, você encontra a confeitaria Don Luis um pecado merecido depois de passar o dia nas geleiras. O chocolate quente com torta, é uma ótima ideia para se aquecer.
Já falamos do clima na patagônia no último post e avisei que lá faz muito frio mesmo no verão, mas em Calafate, o vento dificulta tudo, então, se prepare, ok?
Quando você chega a Calafate, o percurso do aeroporto ao hotel causa impacto. São espaços imensos, onde a natureza se impõe. Dificílimo descrever tanta beleza, mas preciso tentar né? Então, você pode pensar que você vai se sentir ao mesmo tempo impotente e empolgada. Parece que Deus deixou você dar uma “espiada” no paraíso, e o paraíso não é sempre paraíso. As vezes, se você tentar tomar as rédeas, vira inferno só pra mostrar que você não está à altura.
Existem muitos passeios em Calafate, e várias operadoras trabalhando com programas para turistas. Todas tem uma ótima estrutura e dificilmente você vai ter problemas. Eu comprei meus passeios já no Brasil, inclusos no pacote, mas é possível você ir por conta própria e escolher e comprar seus passeios lá, isso tem vantagens e desvantagens: a vantagem é que lá você escolhe o que quer, e a hora que quer ir, além de ter tudo bem explicadinho. A desvantagem é que como está em cima da hora, talvez o passeio que você queira, não tenha mais disponibilidade, ok? Então avalie bem sua opção.
Você pode também à partir de Calafate, ir à Torres del Paine, no Chile. Várias operadoras fazem esse passeio, que não é muito longe (cerca de 200 km) mas o ideal é fazê-lo em dois dias para poder curtir bem as maravilhas do parque nacional chileno.
Eu fiz um passeio à Estância Cristina, que é uma “roubada monumental”, kkkkkk É amigo leitor, eu também caio em roubadas, mas juro que parecia um programão no papel. Funciona da seguinte maneira: levam você navegando 3 horas por um lago com muitos icebergs ( essa é a parte legal), mas quando chega na Estância, você conhece uma história muito sem graça, que não empolga. Depois vem um almoço legal, que você poderia fazer no conforto de Calafate, e no ápice da roubada levam você em veículos 4X4 em 1 hora de sacolejo para acessar uma área dificílima para ver + 1 glaciar. Mas não se preocupe, eles trazem você de volta para o barco para mais 3 horas de navegação. Tudo dispensável, ou pelo menos altamente desconfortável para os maiores de 60 anos.
Beleza, mas agora vamos esquecer das roubadas para falar da maior atração de Calafate: o Perito Moreno!
O glaciar Perito Moreno é o máximo! É lindo, é perto e de fácil acesso!
Geograficamente um glaciar é uma geleira e tem vários detalhes sobre isso que você aprende no caminho indo para o glaciar, porque os guias são muito preparados e explicam tudinho mas preciso dizer que Perito Moreno foi o sujeito que defendeu a ideia de que o glaciar pertencia à Argentina, numa época de muita disputa territorial com o Chile.
Bom, o Perito Moreno é um paredão de gelo, de quase 70 metros de altura que se estende por 5 km no lago argentino. Falando assim, parece uma coisa simples, mas se prepare leitor, é uma visão deslumbrante. É a natureza no seu estado mais bruto, belo, e selvagem. O gelo que em teoria deveria ser branco, por causa da incidência e refringência da luz apresenta nuances de azul em algumas pequenas fendas e anil nas grandes fendas. Ocorrem pequenas rupturas o tempo todo e elas provocam grandes estrondos que sempre emocionam.
O glaciar tem um ótima estrutura com passarelas de cores diferentes para trilhas que demandam diferentes esforços físicos e vários belvederes para fotos imperdíveis. Você tem vontade de ficar horas ali observando o glaciar, mas não deixe de conferir o restaurante do complexo que tem ótimas empanadas e um inesquecível chocolate quente.
Depois do almoço eles ainda levam você para passear de barco pertinho do glaciar e/ou fazer trekking sobre o glaciar. O trekking é um passeio opcional e uma excelente ideia se você tem um bom preparo físico e não tem medo do frio. Não se esqueça que o clima é muito instável no glaciar, e que talvez além do vento ainda haja chuva. Eles levam você à uma borda mais baixa e colocam grampões nos seus sapatos para possibilitar a caminhada sobre o gelo. Quem fez, disse que é o máximo, mas eu fiquei no barco, sorry.
Bom, mas não importa o quanto perto você chegue do Perito Moreno, o que importa é que jamais, na sua vida, você vai esquecer a emoção de vê-lo. Vi muitas coisas bonitas depois do Moreno, mas o glaciar, parafraseando Martha Medeiros “é uma aventura que potencializa nossas emoções de forma avassaladora”.
Bye!